Eu e a Bruxa em mim
Ana Marques
Mora uma bruxa em mim: malvada, cruel e bela. Ela adora se olhar no espelho, é vaidosa, mas segura de si, não liga se o espelho acha outra mais bela. Branca de Neve que se dane. Bonita é ela, que não precisou morrer para ser rainha.
Mora uma bruxa em mim: intrigante, manipuladora e mágica. Ela mexe com as palavras, refaz os diálogos e inverte as situações. Se não estiver a seu favor, ela modifica. Seus feitiços enfeitiçam... até mesmo o espelho já anda chamando a Branca de Neve de mocréia...
Mora uma bruxa em mim: sorridente, misteriosa e transformadora. Não aceita nada pronto, e retruca imposições. Transforma as cabeças e cria frases indecifráveis. Decifra-me ou devoro-te? Interessante que o sorriso faz muitos desejarem ser devorados...
Mora uma bruxa em mim: iniciadora, inteligente e inesperada. Ama a chuva, a lua e as estrelas, mas detesta que vejam apenas a aparência. Incapazes de ver o interior, jamais a verão dançar nua na lua cheia... jamais a verão debruçar-se sobre a Lua Negra... jamais a verão misturar-se às estrelas... É preciso ser iniciado para vê-la, mas para entendê-la é preciso desistir... Para quê entender o que se pode simplesmente sentir?
Mora uma bruxa em mim: uma mulher, uma fada, uma menina. É independente, e livre como os ventos do leste, é quente como o vento do norte, é suave como a brisa marinha. Mas como fada voa para longe se ameaçam fechar suas flores, como criança embirra se a tentarem conter nas travessuras e como mulher, ela parte, se tentarem cercear que ela seja o que é:
Eu mesma: mulher, menina, fada, e bruxa.
Em homenagem aos bruxos e bruxas que estão comigo. Àqueles que mal fazem ideia que são. Feliz dia das Bruxas.
No Ipod: Celtic Woman - The Butterfly